sábado, 4 de junho de 2011

O pianista


Melodia dançante, dedos frágeis, eu e tu, no alcance da multidão.
Na solidão das notas, eu e tu, porque eu? Lembro-me das nossas almas dançantes como se não houvesse amanhã, solitário coração, sinto o palpitar das tuas teclas aromatizadas, lembro-me da primeira vez que nos tocamos, magia, feitiço? O que é então, não percebem? Eu e tu, duas divisões diferentes mas complementares, sofrimento. É só por ti e para ti que eu vivo, horas, dias, segundos, não percebem? É amor, meu querido, sei que não devemos nos alimentar por esse amor incensurável, mas os teus pedidos é-me impossibilitado. O piano e eu, eu e o piano, sou um pianista apaixonado, apaixonado pela devassa, pianista enlouquecido, acarretado pelo decadente público desalento, não te encontrei? Será que eu imaginei? Impossível, eu sou real, não, nós somos reais, como poderei ser real sem ti ao pé de mim, sem ti sou mais um homem vagabundo na corte desenfreadamente cruel, eles pensam que morri, não, estou bem vivo, aqui contigo, quem é esse Shakespeare por quem todos falam? Um romancista? Não existe maior romance de que eu e tu. Verona, terra de Romeu e  Julieta, quem são eles? Pobres desafortunados devem ser mais uns fantoches da corte. Lisboa, grande Lisboa, palco do verdadeiro amor que já mais pisou na corte, eu e o piano, o piano e eu, não percebem? Porque estamos aqui escondidos aqui como se fossemos ratos? Sou um pobre clérigo, apaixonado não por Deus todo o poderoso, mas sim por ti meu amor. Enquanto o verdadeiro amor não vencer não desistirei de ti, meu único e verdadeiro amor.  

                                                                                                       (Cláudia)

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